sábado, 29 de agosto de 2009

Medicina

A medicina se firmou como ciência no mundo grego. Um dos maiores responsáveis por isso foi o médico Hipócrates de Cós. Ele descobriu que as doenças possuem causas naturais, e isso numa época em que se acreditava que as doenças ocorriam por força do destino ou por vontade dos deuses.
Em muitos países, inclusive no Brasil, os médicos, ao se formarem, prestam o juramento de Hipócrates, do qual reproduzimos um pequeno trecho:

Não darei medicamentos mortais a ninguém que me pedir nem sugerirei tal coisa ... Nas casas em que entrar, irei em benefício do doente e abster-me-ei de todo o ato voluntário de malícia (...) O que (...) vir ou ouvir da vida dos homens (...) não divulgarei.

História

A Grécia foi também o berço de importantes historiadores, a exemplo de Heródoto de Halicarnasso e do ateniense Tucídides.
Heródoto viveu por volta de 480 a 420 a.C., e suas Histórias tratam, entre outros assuntos, das guerras entre gregos e persas. Como ele viveu em Atenas durante o momento de afirmação da democracia, em sua narrativa histórica predominam comparações entre essa forma de governo e a monarquia persa.
O ateniense Tucídides (455-404 a.C.) também escreveu sobre uma guerra, a Guerra do Peloponeso travada entre Atenas e Esparta. ELe próprio participou, como general, dessa guerra, o que levou a escrever sua história. Em sua obra História da Guerra do Peloponeso, levou em conta tanto o ponto de vista dos ateniense quanto o dos espartanos, esforçando-se por descobrir as causas da guerra.
A obra desses historiadores são importantes documentos para o estudo da história ateniense.

O cavalo de Tróia

Tróia, ou Ílion (daí Ilíada), era uma rica cidade da Ásia Menor. Conta a Ilíada que o desentendimento entre os gregos e troianos começou quando Páris, o rei de Tróia, raptou a belíssima Helena, esposa do rei de Esparta, uma cidade grega. Diante disso, os gregos velejaram em direção a Tróia dispostos a trazer Helena de volta.
Para surpresa dos gregos, porém, os troianos resistiram valentemente. Com isso, o cerco da cidade de Tróia se arrastou por dez anos, repletos de violentos combates.
Os gregos já se encontravam exaustos quando o grego Ulisses teve uma ideia engenhosa, que seus companheiros puseram em prática imediatamente. Construíram um enorme cavalo oco de madeira e o abandonaram a poucos metros das portas de Tróia. Depois, esconderam-se nele, fingindo uma retirada.
Sem desconfiar que estavam sendo enganados, os troianos pegaram o imenso cavalo e colocaram para dentro dos muros de sua cidade. E, felizes com o "presente", ficaram festejando até altas horas, pensando que os gregos haviam desistido da luta. De madrugada, quando todos os troianos dormiam, os soldados gregos saíram de dentro do cavalo e abrigaram as portas de Tróia para os seus companheiros. Tudo como Ulisses havia planejado. Graças a isso, conta a Ilíada, os gregos venceram os troianos e teve fim a Guerra de Tróia.
Desse episódio nasceu a expressão "presente de grego", que é usada até hoje quando ganhamos um presente que, ao invés de nos alegrar, desaponta. 

Poesia

A poesia grega continua servindo de inspiração a muitos artistas atuais. Dois longos poemas, a Ilíada e a Odisséia, ambos atribuídos ao poeta Homero, a tornaram conhecida no mundo todo. Atualmente os estudiosos entendem que esses poemas não foram obras de um só homem, mas eram poemas populares, transmitidos oralmente, e que só muito tempo depois foram escritos na forma que conhecemos hoje. Ali são narrados feitos heróicos dos gregos, muito importantes para o estudo da Grécia antiga. A famosa história do cavalo de Tróia, por exemplo, é contada no poema Ilíada.

Escultura

Mesmo quando faziam estátuas de um deus ou deusa, os gregos glorificavam o ser humano. É o que se pode notar nas obras de dois talentosos escultores gregos: Fídias, criador da estátua da deusa Atena (deusa da sabedoria), e Praxísteles, conhecido pela perfeição com que esculpia a figura humana.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Teatro

As artes gregas valorizavam o homem, ou seja, eram essencialmente humanistas. É o que se pode concluir pelas obras de seus escultores, poetas e autores de peças teatrais.
O teatro grego, assim como as olímpiadas, também originou-se da religião, a partir de uma festa em que se homenageava o deus Dionísio, o mais jovem dos deuses. Essa festa era anual e chamava-se "Dionisíaca".
As peças eram representadas ao ar livre. Num mesmo dia eram encenadas várias peças. O espetáculo começava pela manhã e reunia milhares de assistentes. O Eidauro, um dos mais famosos teatros da Grécia antiga, tinha acomodações para 17 000 pessoas.
Frequentar o teatro fazia parte da educação. Todos eram incentivados a comparecer aos espetáculos teatrais. Os pobres podiam assisti-los gratuitamente. Em Atenas, todas as atividades, inclusive o comércio e a torina jurídica dos tribunais, eram interrompidas em dias de espetáculo.
Os atores e o coro trabalhavam num espaço em forma de círculo, equivalente ao que hoje chamamos de palco. Ao redor desse palco, ficavam as arquibancadas de madeira ou pedra, onde se sentavam os espectadores. Os melhores lugares eram reservados às autoridades civis e religiosas. Todos os artistas eram homens. Para fazer o papel de mulher, usavam máscaras e adequavam a voz e a roupa à personagem que representavam.
Os autores teatrais gregos escreveram peças que continuam sendo montadas hoje no mundo inteiro. Eles foram os inventores de dois gêneros teatrais consagrados: a comédia e a tragédia. Entre os autores gregos de tragédias destacam-se:

Ésquilo (525-456 a.C.): Escreveu, entre outras peças, Prometeu acorrentado e Os persas. A maior preocupação desse autor era com a ética, e procurava sempre passar algum ensinamento moral. Em Os persas, por exemplo, pode -se ler:

"Mortais, não vos mostreis excessivamente orgulhosos. Da flor do orgulho nasce a espiga da infelicidade, que só oferece uma colheira de lágrimas".


Sófocles (496-406 a.C.): autor de Édipo-Rei, Antígona e Electra, esforçou-se em provar que nenhum ser humano podiafugir ao seu destino




Aristófanes (445-386 a.C.): autor de Lisístrata, As nuvens e As rãs, escreveu comédias em que, quase sempre, ridicularizava os políticos.

Os jogos olímpicos

Os gregos acreditavam que os seus deuses tinham poderes incriveis, eram imortais e dominavam as forças da natureza. Para homenageá-los, faziam festas regularmente. Uma dessas festas eram os famosos jogos olímpicos.
Na grécia antiga, os jogos olímpicos ocorriam de quatro em quatro anos. Essa grande festa grega aconteceu pela primeirva vez em 776 a.C., na cidade de Olímpia.
Os jogos eram uma homenagem a Zeus, o mais respeitado dos deuses gregos. Por isso, quando se aproximava a data de sua realização, as guerras eram interrompidas em todo o mundo grego. Os habitantes de todas as cidades podiam viajar para Olímpia livremente, sem medo de serem atacados ou presos. Era um sacrilégio atacar um atleta que se dirigia a Olímpia ou entrar com algum tipo de arma no lugar em que se realizava a grande festa.
Inicialmente, o espetáculo acontecia numa espécie de campo de luta. Com o tempo, passou a ser realizado no ginásio, um centro esportivo murado, destinado a todos os tipos de competição e equipado com banheiros e vestiários.
As modalidades esportivas eram variadas. Havia a corrida a pé, a corrida com armas (disputadas no estádio), a corrida de cavalos, a corrida de carros puxados por cavalos (no hipódromo). Além disso, ocorriam também as lutas corporais, o arremesso de disco e o de dardo.
Os vencedores ganhavam uma coroa feita com folhas de louro e eram recebidos com enorme entusiasmo na volta à sua cidade natal, onde erguiam-se estátuas em homenagem a eles. As olímpiadas gregas continuaram por quase mil anos.

Corrida de Bigas

A religião


Os gregos, assim como muitos povos antigos, acreditavam em vários deuses. Eram, portanto, politeístas. Julgavam que seus deuses viviam no alto do Olimpo, a montanha mais alta da Grécia, com cerca de 2 mil metro de altura. Por isso a palavra Olimpo passou a ser sinônimo de céu, lugar onde reina a felicidade.
Os deuses gregos eram semelhantes aos seres humanos: guerreavam entre si, sentiam ódio, ciúmes, inveja, casavam-se, tinham filhos etc. Os gregos acreditavam que os deuses podiam tanto favorecer quanto prejudicar os seres humanos. Por isso, quando precisavam de ajuda ou queriam aplacar raiva de um deus ou deusa, ofereciam-lhes presentes, orações, festas. Quando tinham um problema sério, consultavam os deuses em busca de uma orientação.

Os deuses gregos eram eternamente jovens. E, além de se casarem entre si, casavam-se também com os mortais. Os filhos desses casamentos eram chamados de heróis. Entre os mais famosos heróis gregos estão Hércules, Jasão, Prometeu, Édipo e Perseu. Suas histórias chegaram até nos por meio de mitos.
Mitos são relatos por meio dos quais um povo tenta explicar a origem do mundo, dos seres humanos e de fenômenos naturais, como a chuva,  ageada, os raios etc. O conjunto de mitos recebe o nome de mitologia. A mitologia grega é rica e variada.
Um mito grego conta que Prometeu roubou o fogo celeste para ofertá-lo aos homens. Por isso, foi condenado por Zeus a ficar acorrentado no alto de um rochedo, onde todos os dias um pássaro vinha comer-lhe um pedaço do fígado. A história, no entanto, tem final feliz: Prometeu foi salvo por um outro herói, de nome Hércules, cuja fama se deve à sua enorme força.
Já Édipo ganhou fama devido à sua inteligência. COntam que a cidade de Tebas vivia aterrorizada por uma Esfinge, que devorava todos aqueles que não conseguissem decifrar seu enigma: "Qual o animal que anada com quatro patas ao amanhecer, duas ao meio-dia e três ao entardecer?". Édipo acertou respondendo o homem, que quando bebê engatinha, quando adulto caminha ereto e, quando ido, apóia-se numa bengala para caminhar. Com isso, a Esfinge morreu e Édipo foi transformado e herói de Tebas.
A fama de Perseu deve-se ao fato de ter conseguido matar Medusa, mulher monstruosa, cujos cabelos eram feitos de serpentes e que tinha o poder de transformar em pedra qualquer pessoa para quem ela olhase.

A democracia ateniense

Temos um sistema político (...) que se chama democracia, pois se trata de um regime concebido, não para uma minoria, mas para as massas. Em virtude das leis (...) todas as pessoas são cidadãos iguais. Por outro lado, é conforme a consideração de que goza em tal ou qual domínio que cada um é preferido para a gestão dos nossos negócios públicos, menos por causa da sua classe social do que pelo seu mérito. E nada importa a pobreza: se alguém pode prestar serviço À cidade, não é disso impedido pela obscuridade da sua categoria. É como homens livres que administramos o Estado (...) Obedecemos aos magistrados sucessivos, às leis e, sobretudo, às que foram instituídas para socorro dos oprimidos.
Para tudo dizer numa só palavra: a nossa cidade, no seu conjunto, é a escola da Grécia.

Gregos contra gregos

Afirmando que os persas poderiam voltar a atacar, os atenienses convenceram outras cidades gregas a se aliarem a ela. Cada cidade deveria contribuir com soldados, navios ou, se preferisse, dinheiro. Nascia assim a Confederação de Delos, uma união de cidades gregas sob a liderança de Atenas. Delos era o nome de uma pequena ilha, sede da confederação onde ficava depositado o tesouro da Liga. Atenas, porém, aproveitou-se de sua força militar e passou a usar o dinheiro enviado por suas aliadas em benefício próprio. Péricles, que governava Atenas na época, mandou erguer templos e palácios em mármore e, principalmente, usou os recursos para fazer as reformas políticas que garantissem a supremacia de Atenas.
Como era de se esperar, a política de Atenas provocou reações violentas na Grécia. Esparta aliou-se a outras cidades descontentes, formou a Liga do Peloponeso e partiu para a guerra contra a Confederação de Delos. Iniciava-se assim uma guerra de gregos contra gregos.

A Grécia na Guerra do Peloponeso
A guerra, conhecida como Guerra do Peloponeso, se arrastou por 27 anos, de 431 a 404 a.C. As suas consequencias foram as mais trágicas possíveis: milhares de mortos, agricultura arruinada, comércio interrompido, monumentos destruídos, cidades vazias, fome e pobreza por todo lado. Esparta venceu a guerra e aproveitou-se disso para impor seu domínio a toda a Grécia. Isso provocou novas e violentas revoltas entre os gregos. A cidade de Tebas e suas aliadas reagiram e conseguiram derrotar Esparta.
Essas guerras prolongadas enfraqueceram e empobreceram as cidades gregas. Isso explica, em parte, por que elas não resistiram ao ataque do exército de Felipe II, rei da Macedônia, que, em 338 a.C., acabou conquistando a Grécia.
Alexandre, o Grande
A Macedônia estava localizada no norte da Grécia. Seus habitantes falavam a língua grega e se consideravam gregos. Logo após ter conquistado a Grécia, Felipe II morreu assassinado e foi sucedido por seu filho Alexandre, que tinha então apenas 20 anos.
Em dez anos, o exército de Alexandre conquistou a síria, a Fenícia, a Palestina, o Império Persa e parte da Índia e do Egito. Alexandre fundou cerca de dezesseis cidades com o nome de Alexandria, em homenagem ao seu próprio nome. A mais conhecida localizava-se no Egito e tornou-se um grande centro intelectual, famosa pela sua biblioteca - a maior do mundo antigo -, que seria destruída alguns anos depois em um incêndio.
Alexandre consolidou-se no poder reprimido revoltas em solo grego. Em seguida, partiu à frente de cerca de 40 mil soldados, macedônicos e regos, em direção à África e à Ásia.
Como seu pai, Alexandre foi um político habilidoso. Procurou respeitar as tradições e a religião dos povos conquistados. Admitiu jovens persas no seu exército e estimulou o casamento de seus soldados (inclusive os oficiais mais graduados) com mulheres orientais. Ele próprio chegou a casar-se com a filha mais velha de Dario, rei dos persas, a quem havia derrotado. Também incentivouao máximo a troca de informações entre os diferentes povos de seu império.
Por conta disso, a cultura grega foi se fundindo com as culturas orientais, o que deu origem à cultura helenística.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

As guerras greco-pérsicas

A riqueza das cidades gregas, como Esparta, Atenas e Tebas, era um fato muito conhecido no mundo daquela época. Isso atraiu a cobiça do Império Persa, liderado na época por Dario I, cujo governo foi de 521 até 486 a.C. Inicialmente, os persas atacaram as colônias gregas da Ásia Menor. Depois, em 490 a.C., lançaram seu poderoso exército contra a Grécia Continental.

Para surpresa dos persas, as cidades gregas deixaram de lado suas divergências internas e uniram-se contra o inimigo comum. Foram onze longos anos de guerra, ao fim dos quais os gregos saíram vitoriosos.

A liderança da luta contra os persas coube às cidades de Esparta - que tinha o melhor exército terrestre da Grécia - e de Atenas - que possuía a melhor forta marítima.

Ruínas de Persépolis

Trirreme Grega

Política em Esparta

Supõe-se que a constituição espartana tenha sido feita por Licurgo, no final do século VII a.C. Esse personagem, que não sabemos se de fato existiu , teria recebido as leis das mãos do deus Apolo.

O governo de Esparta era assim dividido:

Diarquia: dois reis, membros de duas famílias importantes da cidade. Os reis desempenhavam sobretudo funções militares e religiosas.
Eforato: órgão mais poderoso de Esparta, formado por cinco membros (éforos), eleitos anualmente pela Assembléia, a Apela. Os éforos controlavam a aplicação das leis e a educação dos jovens, presidiam a Gerúsia e a Ápela, administravam a justiça e até mesmo supervisionavam a ação dos reis.
Gerúsia: um grupo de trinta anciãos, com mais de 60 anos, que exerciam o cargo para a vida toda. Nesse grupo estavam incluídos os dois reis. O poder dos gerontes era grande: propunham leis, decidiam se a cidade devia ou não participar de uma guerra, julgavam causas criminais.
Ápela: assembléia na qual só podiam participar espartanos com, no mínimo, 30 anos. Essa assembléia votava, sem discutir, as propostas da Gerúsia, possuindo, portanto, pouco poder de fato. Atentando para a limitação da participação política em Esparta, entendemos por que a forma de governo espartana era chamada de oligarquia, palavra de origem grega que quer dizer "governo de poucos", isto é, trata-se de um regime político em que o poder é exercido por uma minoria.

Infância, adolescência e educação dos espartanos



Conta-nos um historiador grego que em Esparta:


Quando nascia uma criança, não era seu pai que decidia se iria criá-lo ou não. O recém-nascido era levado ao lugar onde se reuniam os mais velhos, que o examinavam. Se fosse sadio e robusto, podia ser criado pelos pais (...) Se, ao contrário, fosse fraco e deficiente, era lançado no precipício. Julgavam que isso era o melhor para a criança e para o governo.

(PLUTARCO. Vida de Licurgo, 16, 1.2. Citado por Jacques Maffre. A vida na Grécia Clássica. p. 147. Adaptado).



Até os sete anos os meninos eram criados pelas suas mães. Elas os deixavam andar descalços para ter pés calejados e os cobriam só com uma única túnica para aprenderem a suportar o frio. A partir de então, passavam a viver com outros garotos da mesma idade em acampamentos do governo. Nesses acampamentos aprendiam somente a ler, escrever e contar. No resto do tempo, praticavam esportes, recebiam instrução militar e treinavam sobrevivência no mato. O jovem tinha de conseguir alimento por conta própria. Mas se fosse pego roubando, mesmo que para matar a fome, era castigado de modo cruel e em público.



A partir dos 16 anos, passavam por uma série de provas, das quais a mais terrível era a críptia: levantavam-se de madrugada, armavam-se de punhais e, em bandos, invadiam as casas dos hilotas para assassiná-los. Aos 20 anos, eles ingressavam no exército. Aos 30, casavam-se e recebiam um lote de terra do governo, acompanhado de um certo número de hilotas. A partir dessa data eram considerados cidadãos, ou seja, podiam votar, ocupar cargos públicos e participar das refeições coletivas diárias. Essas refeições visavam reforçar o companherismo entre os espartanos. Eles continuavam servindo o exército até os 60 anos.



As mulheres, por sua vez, também faziam exercícios físicos, participavam de lutas e demais atividades esportivas. Com isso, estavam sendo preparadas para ser mães de filhos fortes e saudáveis. Essa era a principal função da mulher.



Esparta

A forma de governo de Esparta difere radicalmente da democracia ateniense. Esparta localizava-se na península do Peloponeso, entre montanhas altas e sem saída para o mar. Fundada pelos dórios no século IX a.C., a cidade, desde o começo, mais parecia um grande acampamento militar.

Os espartanos eram preparados para a vida militar desde o nascimento. O historiador Heródoto dizia que o lema dos espartanos era "não fugir do campo de batalha diante de qualquer número de inimigos, mas permanecer firmes em seus postos e neles vencer ou morrer".
(BIASOLI, Vitor. O mundo grego. p. 23.)

Após a conquista da Messênia, no século VIII a.C., a sociedade espartana estava dividida em três grupos sociais. Os espartanos contituíam uma minoria de grandes proprietários e eram os únicos que podiam ocupar cargos políticos e militares; os periecos, homens livres, assim chamados por viverem na periferia da cidade, dedicavam-se à agricultura, ao comércio e ao artesanato; os hilotas eram descendentes de povos conquistados que foram presos e colocados a serviço do governo de Esparta. Os hilotas eram obrigados pelo governo a trabalhar nas terras dos espartans e podiam ficar com a metade do que colhiam; não podiam ser vendidos ou expulsos da terra que cultivavam mas também não tinham liberdade para deixá-la. Eles não tinham direitos políticos mas conservavam laços familiares. Portanto, sua situação era diferente da dos escravos. Mas, como os demais trabalhadores forçados, os hilotas revoltavam-se com frequência.

Atenas, berço da democracia grega

Atenas foi fundada pelos jônios, por volta do século X a.C., numa colina, a poucos quilômetros do mar. Como a região possuía bons portos naturais, os atenienses, desde cedo, voltaram-se para a pesca e a navegação.

Sobre os tempos mais antigos de Atenas, sabe-se pouco. É certo que no início havia um rei, mas o poder estava nas mãos de uma aristocracia: os eupátridas, que em grego quer dizer "bem-nascidos". Somente eles podiam ocupar cargos públicos. Além disso, existia o problema da escravização por dívidas e da concentração de terras nas mãos dos eupátridas. Por isso havia uma insatisfação social muito grande, e os conflitos na cidade eram constantes.

Para solucionar esses conflitos, foram feitas leis escritas Em 621 a.C., o legislador Drácon publicou o primeiro código de leis de Atenas. Porém logo se viu que, apesar de serem escritas, essas leis não melhoravam a situação da maioria. Por isso, continuou a haver pressão por reformas sociais. Em 594 a.C., o legislador Sólon atendeu a algumas das exigências que vinham sendo feitas: suprimiu a escravidão por dívidas e dividiu a população em quatro categorias de cidadãos, de acordo com o grau de riqueza agrícola. Dessa forma, os privilégios que antes cabiam aos bem-nascidos passavam agora a ser reservados aos mais ricos. O critério de riqueza substituiu o de nascimento.

Como não se podia mais escravizar os pobres, os grande proprietários passaram a comprar escravos para trabalhar em seus campos. Nessa época, o número de escravos na Grécia aumentou bastante:
Os escravos (...) ocupavam-se, a bem dizer, em todas as tarefas (...). Permaneciam nas montanhas guardando o gado, cuidavam dos currais, amanhavam a terra, plantavam e colhiam. As mulheres escravizadas dedicavam-se às cansativas tarefas domésticas: moviam a mó que triturava os grãos, fiavam e teciam, prepravam os alimentos.
(MAESTRI FILHO, Mário José. O escravismo antigo. p. 17.)

Como as reformas de Sólon ainda excluíam grande parte da população, as lutas sociais continuaram. E assim foi até que, ntre 508 e 506 a.C., um líder ateniense de nome Clístenes fez reformas mais profundas, criando uma democracia - do grego demos (povo), cracia (governo).

A parir de 450 a.C., sob a liderança de Péricles, quando Atenas chegou ao seu apogeu, a democracia ateniense foi aperfeiçoada: criou-se um Tribunal Popular (Heliéia) para julgar toda espécie de causas. Nesses tribunais, o próprio júri fazia o papel de juiz, isto é, dava a palavra final. Era composto por 6 000 cidadãos.

O principal órgão da democracia ateniense era a Assembléia do Povo (Eclésia). Delafaziam parte todos os cidadãos de Atenas, isto é, todos os homens com mais de 18 anos e filhos de pais atenienses. Para que mais pessoas pudessem participar, Péricles instituiu uma remuneração, o que permitia que os mais pobres deixassem suas ocupações por um tempo para participar da política. Era essa assembléia que votava as leis, escolhia os magistrados, decidia em que gastar o dinheiro público, se era necessário declarar a guerra ou firmar a paz etc. Enfim, qualquer decisão importante devia ser aprovada por ela.

Um outro órgão era o Conselho de Quinhentos (Bulé), formado por quinhentos cidadãos sorteados anualmente. Uma parte deles vinha do interior; outra, da cidade; e outra ainda, do litoral. Como a escolha se dava por sorteio, tanto os ricos quanto os pobres tinham a mesma chance de ser eleitos. A função do Conselho era preparar os projetos para serem votados pela Assembléia.

Já a tarefa de colocar em práticas as decisões tomadascabia aos estrategos. Em número de dez, eles eram eleitos pela Assembléia do Povo por um ano. Além disso, em tempos de guerra os estrategos chefiavam as forças militares. Para protegerem a sua democracia, os gregos criaram também o ostracismo, que era a suspensão dos direitos políticos e a expulsão da cidade por dez anos.

Assim, todos os cidadãos - não importanto a profissão e nem a situação financeira - podiam participar diretamente do governo. Não se pode esquecer, porém, que a democracia ateniense não era para todos. Os escravizados, as mulheres, os estrangeiros e os menores de 18 anos não eram considerados cidadãos e, portanto, não tinham o direito de participar da política.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Período Arcaico


Neste período, a falta de terras férteis tornou-se um problema mais grave. Ao mesmo tempo, surgiu na Grécia uma nova forma de organização política: a cidade-estado, à qual os gregos davam o nome de pólis. A pólis grega era diferente da cidade de hoje: ela possuía seu próprio governo,sua moeda e suas leis. No mundo grego havia um grande número de pólis. A população da maioria delas era pequena, poucas ultrapassavam alguns milhares de habitantes.

Ao mesmo tempo que a população aumentava e surgiam as cidades, muitos camponeses empobrecidos eram escravizados pelos grandes proprietários como forma de pagamento de dívidas. Outros, contudo, decidiam partir em busca de novas terras, colonizando regiõesdistantes. Assim, ao longo de dezenas de anos, os gregos se espalharam pelas margens do Mediterrâneo, ocupando o sul da Itália, as ilhas gregas, o norte da África e a Ásia Menor.

A ideia de cidadania

Apesar da colonização grega, a questão da terra não se resolveu. Isso porque o número de camponeses empobrecidos continuou aumentando, enquanto os grandes proprietários acumulavam terras. Esses grandes proprietáriose suas famílias formavam uma aristocracia¹. Somente eles eram considerados cidadãos. Ser cidadão significava ter o direito de participação na vida política da cidade, de lutar no seu exército e de possuir terras. Como cidadãos, eles controlavam o governo das cidades gregas.

Apesar do pequeno número de pessoas com direito À cidadania nas cidades gregas daqueles tempos, é importante saber que foi nesse período que surgiu a ideia de cidadania. Como somente alguns poucos tinham tais direitos, era grande o descontamento entre os outros grupos sociais, como comerciantes, camponeses e pequenos proprietários.

No início do século VII a.C., uma mudança nas táticas de guerra gregas acabou contribuindo para o aumento do número de cidadãos na Grécia. Até então, apenas os aristocratas combatiam no exército e, geralmente, a cavalo. Porém, com o aumento das guerras entre as cidades, formou-se a infrataria, isto é, homens a pé que combatiam com armas leves. Eles eram chamados de hilotas (de óplon, o escudo redondo que levavam). Os hoplitas, que de modo geral eram pequenos proprietários, começaram a exigir um aumento de participação na vida política da cidade.

As vestimentas e os armamentos dos hoplitas eram comuns em todas as cidades gregas. Usavam uma túnica curta, uma couraça de metal para proteger as costas e o peito (o thórax), um elmo (capacete de metal para proteger a face), encimado por um penacho, perneiras de metal para proteger as pernas e os joelhos. Como armamento, usavam um grande escudo oval, uma espada com dois gumes e uma longa lança de dois metros.

Entre os século VII e VI a.C., as insatisfações aumentaram a ponto de se fazerem necessárias reformas políticas e sociais. Vejamos como isso se deu em Atenas, cidade sobre qaul temos mais informações.

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¹palavra que em grego significa "governo dos melhores". Podemos chamar de aristocracia um grupo formado por pessoas ou famílias que, por herança ou concessão, possuem o poder ou uma série de privilégios sobre as demais pessoas.

Período Homérico

Com o fim dos palácios, as aldeias camponesas se livraram dos impostos e ganharam maior autonomia. Em cada uma dessas aldeias vivia uma grande família, formada não apenas por pai e mãe mas também por primos, tios, filhos, avós etc. Essa grande família era chamada de genos. Cada genos procurava produzir todo o necessário para a sua sobrevivência sem ter de precisar dos outros.
Os genos tinha também um líder político e religioso (o basileus), que entregava aos camponeses um terreno. Mas, para ter direito a cultivá-lo, os camponeses deviam entregar ao basileus uma parte da colheita. O basileus era responsável pela proteção do genos; para isso tinha um grupo de guerreiros bem armados e treinados.

Por volta do século X a.C., porém, conforme pesquisas arqueológicas, ocorreu um uso cada vez maior dos instrumentos de ferro e com isso se pôde produzir mais e melhor, o que provocou um aumento crescente da população. Lá pelo final do século IX a.C., a paz relativa em que viviam os gregos desapareceu e começaram os conflitos por terra no interior dos genos. As rivalidades aumentavam e a solidariedade diminuía. A solução encontrada foi dividir as terras dos genos.

A divisão foi feita segundo o grau de parentesco e prestígio. Assim, os mais próximos do basileus ficaram com as maiores faixas de terras e as mais férteis; os mais ou menos próximos ficaram com as faixas de terras menores; e os mais afastados, que eram a maioria, ficaram sem terra.

Surgiram assim três grupos sociais: o dos grandes proprietários, o dos pequenos proprietários e o dos camponeses sem terra. Parte dos que ficaram sem terra passou a trabalhar para os grandes proprietários, e os outros tornaram-se artesãos (sapaterios, carpinteiros, oleiros etc.).

Civilização creto-micênica

Foi nas ilhas do mar Egeu que começou a história da Grécia. Diz a lenda que houve um rei, de nome Minos, que governou uma dessas ilhas, a de Creta. Em Creta, o soberano era ele próprio um sacerdote, mas não era considerado um deus, como no Egito.

Por volta de 2000 a.C., havia na ilha de Creta aldeias de camponeses, cada qual com o seu chefe, que deviam obediência e pagavam impostos ao rei, cuja residência era o palácio. Em Creta existiam alguns gigantescos palácios, sendo que um dos mais ricos e conhecidos era o de Cnossos.

O palácio possuía: armazém, onde eram guardados jarros e vasos contendo frutas, cereais, óleo e vindo (essas reservasvinham dos impostos pagos pelos camponeses); sede administrativa, onde os escribas escreviam em pequenas tábuas de argila a quantidade e o nome das riquezas acumuladas no palácio; casas reservadas aos numerosos funcionários do rei, que cuidavam da fiscalização e da aplicação da justiça; e também oficinas reais, onde os artesãos faziam artefatos em cerâmica, porcelana, e metais preciosos. As reservas acumuladas nos armazéns do palácio serviam para alimentar a população do mesmo, pagar os funcionários, os artesãos reais e os religiosos, que também viviam ao redor do palácio.


Por volta de 1750 a.C., parece ter ocorrido uma catástrofe que interrompeu o crescimento de Cnossos e de outros palácios. Além disso, a ocupação da ilha de Creta pelos aqueus, um povo indo-europeu vindo da Grécia Continental, contribuiu para o declínio do poder dos reis.


Os aqueus entraram em contato com os cretenses e aprenderam as técnicas de agricultura e navegação, além da escrita. Eles também construíram palácios. Mas estes, ao contrário daqueles dos cretenses, foram erguidos em lugares monstanhosos e fortificados, já prevendo possíveis ataques de inimigos. O mais famoso palácio foi o de Micenas. Entre os aqueus, o palácio também era residência do rei e centro de poder e de riqueza.


Essa época é chamada de Creto-Micênica devido ao florescimento das civilizações de Creta e de Micenas. Por volta de 1200 a.C., um outro povo indo-europeu, os dórios, ocupou a Grécia, desta vez fazendo uso de muita violência. Os palácios aqueus foram destruídos pelos invasores e não foram reconstruídos.

O mundo grego e a democracia


LOCALIZAÇÃO E POVOAMENTO

A Grécia antiga localizava-se em sua maior parte no sudeste da Europa e abrangia três importantes regiões:
  • a Grécia Continental, situada ao sul da península Balcânica;
  • a Grécia Insular, formada pelas ilhas dos mares Egeu e Jônio;
  • a Grécia Asiática, estreita faixa de terra situada na Ásia Menor.


O território da Grécia Continental é montanhoso, pedregoso e pouco fértil; já o seu litoral é bastante recortado, possuindo um grande número de baías. Há também muitas ilhas, próximas umas das outras, sendo a maior delas a de Creta.


O fato de existirem muitas montanhas na Grécia favoreceu o isolamento interno e a formação de cidades independentes umas das outras. Já o seu vasto litoral, facilmente navegável, e a existência de bons portos naturais estimularam a navegação e o comércio marítimo.


O povoamento da Grécia foi lento. A partir de 2000 a.C., alguns povos provenientes da região da Rússia foram se fixando no seu território. Esses povos, chamados aqueus, jônios, eólios e dórios, deram origem ao povo grego.